Originada na Itália no começo de 1800, a Carbonária atuou como uma sociedade revolucionária e oculta em países da Europa como Espanha, França e na própria Itália no período que compreende os séculos XIX e XX. Acreditava em valores liberais e era notavelmente marcada pelo anti-clericalismo.
Na época da dominação napoleônica foi formado na Itália um grupo de resistência que contava com integrantes da Carbonária. Com uma organização e alguns princípios parecidos com os dos maçons - combate ao absolutismo, defesa dos ideais liberais - ambos os grupos estiveram ligados em alguns momentos (à época, alguns integrantes faziam parte das duas organizações).
No território italiano, a Carbonária teve sua primeira formação na cidade de Nápoles, que no período estava sob domínio de Joaquim Murat - general francês - que era cunhado de Napoleão Bonaparte. Presente na luta armada contra o exército da França nessa região, a Carbonária era contra a espoliação da Itália por parte dos franceses, mas defendiam os mesmos ideais de Bonaparte. Após conseguirem expulsar o exército francês, a Carbonária pretendia iniciar um processo de unificação na Itália por meio de uma revolução natural do operariado - sob comando de intelectuais e estudantes - e implantação da ideologia liberal.
No que se refere aos membros da Carbonária, notavelmente os que pertenciam à média e à pequena burguesia - os integrantes tratavam-se pelo termo "primos". No sistema hierárquico da organização existiam as choças - menos importantes - as barracas e as vendas, que eram as principais. Cada venda contava com cerca de 20 integrantes que não conheciam os chefes. Através delas, todas as ordens eram passadas. A partir de uma venda central, geralmente composta por sete membros, o trabalho dos demais era chefiado.
Ao contrário de outros grupos, a Carbonária não apresentava conexões populares, sendo uma sociedade oculta que atuava de forma sigilosa sem anunciar suas ações. Isso ocorre por que o povo daquela área - uma maioria de camponeses católicos e iletrados - tinha maior identificação com líderes e ideias conservadoras.
Alguns dos membros mais importantes da Carbonária foram Silvio Pellico e Pietro Maroncelli, presos durante muito tempo pelos austríacos. Após conseguirem a liberdade, Pellico escreveu suas memórias dos 10 anos de prisão na obra "Le mie prigioni". Já Maroncelli - que perdeu uma perna enquanto estava preso - auxiliou na tradução e publicação do livro em Paris no ano de 1833. Entre outros integrantes de grande importância na Carbonária estão Giuseppe Mazzini e Giuseppe Garibaldi.
Apesar das tentativas da Carbonária, o grupo acabou sufocado por Napoleão Bonaparte e pelos austríacos da Casa dos Habsburgos, que buscavam continuar dominando a Itália. Assim, a unificação italiana não foi alcançada pelo idealismo, ocorrendo somente entre os anos de 1860 e 1870 por meio da guerra e da diplomacia do Reino da Sardenha-Piemonte.
Fontes:
http://encyclopedia.jrank.org/CAL_CAR/CARBONARI_an_Italian_word_meani.html
http://global.britannica.com/EBchecked/topic/95106/Carbonari
http://www.sanfelesesocietynj.org/History%20Articles/Carbonari%20Movement.htm
http://www.theodora.com/encyclopedia/c/carbonari.html