Carbonária

Por Felipe Araújo
Categorias: Sociedades Secretas
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Originada na Itália no começo de 1800, a Carbonária atuou como uma sociedade revolucionária e oculta em países da Europa como Espanha, França e na própria Itália no período que compreende os séculos XIX e XX. Acreditava em valores liberais e era notavelmente marcada pelo anti-clericalismo.

Entre os anos de 1820 e 1848, participou de revoluções sem apresentar unidade política, reunindo adeptos republicanos e monarquistas sem uma linha de ação definida. Apesar disso, manteve-se presente em todo o território italiano. A origem do termo "Carbonária" vem de "carbonaro" (carvoeiro). Para se comunicar, criaram um sistema de sinais codificados que ficou conhecido como alfabeto carbonário.

Na época da dominação napoleônica foi formado na Itália um grupo de resistência que contava com integrantes da Carbonária. Com uma organização e alguns princípios parecidos com os dos maçons - combate ao absolutismo, defesa dos ideais liberais - ambos os grupos estiveram ligados em alguns momentos (à época, alguns integrantes faziam parte das duas organizações).

No território italiano, a Carbonária teve sua primeira formação na cidade de Nápoles, que no período estava sob domínio de Joaquim Murat - general francês - que era cunhado de Napoleão Bonaparte. Presente na luta armada contra o exército da França nessa região, a Carbonária  era contra a espoliação da Itália por parte dos franceses, mas defendiam os mesmos ideais de Bonaparte. Após conseguirem expulsar o exército francês, a Carbonária pretendia iniciar um processo de unificação na Itália por meio de uma revolução natural do operariado - sob comando de intelectuais e estudantes - e implantação da ideologia liberal.

No que se refere aos membros da Carbonária, notavelmente os que pertenciam à média e à pequena burguesia - os integrantes tratavam-se pelo termo "primos". No sistema hierárquico da organização existiam as choças - menos importantes - as barracas e as vendas, que eram as principais. Cada venda contava com cerca de 20 integrantes que não conheciam os chefes. Através delas, todas as ordens eram passadas. A partir de uma venda central, geralmente composta por sete membros, o trabalho dos demais era chefiado.

Ao contrário de outros grupos, a Carbonária não apresentava conexões populares, sendo uma sociedade oculta que atuava de forma sigilosa sem anunciar suas ações. Isso ocorre por que o povo daquela área - uma maioria de camponeses católicos e iletrados - tinha maior identificação com líderes e ideias conservadoras.

Alguns dos membros mais importantes da Carbonária foram Silvio Pellico e Pietro Maroncelli, presos durante muito tempo pelos austríacos. Após conseguirem a liberdade, Pellico escreveu suas memórias dos 10 anos de prisão na obra "Le mie prigioni". Já Maroncelli - que perdeu uma perna enquanto estava preso - auxiliou na tradução e publicação do livro em Paris no ano de 1833. Entre outros integrantes de grande importância na Carbonária estão Giuseppe Mazzini e Giuseppe Garibaldi.

Apesar das tentativas da Carbonária, o grupo acabou sufocado por Napoleão Bonaparte e pelos austríacos da Casa dos Habsburgos, que buscavam continuar dominando a Itália. Assim, a unificação italiana não foi alcançada pelo idealismo, ocorrendo somente entre os anos de 1860 e 1870 por meio da guerra e da diplomacia do Reino da Sardenha-Piemonte.

Fontes:
http://encyclopedia.jrank.org/CAL_CAR/CARBONARI_an_Italian_word_meani.html
http://global.britannica.com/EBchecked/topic/95106/Carbonari
http://www.sanfelesesocietynj.org/History%20Articles/Carbonari%20Movement.htm
http://www.theodora.com/encyclopedia/c/carbonari.html

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