Anarquismo

Por Luiz Antonio Guerra

Doutorado em Sociologia (USP, 2021)
Mestre em Sociologia (UnB, 2014)
Graduado em Ciência Política (UnB, 2010)

Categorias: Política, Sociologia
Ouça este artigo:
Este artigo foi útil? Considere fazer uma contribuição!

Anarquismo é uma filosofia política que, em favor da liberdade individual, repudia toda forma de autoridade. A palavra anarquia deriva dos termos gregos “a” (não) mais “arché” (governo) e significa, literalmente, ausência de governo. No senso comum, a palavra anarquia é usada como sinônimo de bagunça, caos ou violência. Porém, os pensadores anarquistas não negam o desenvolvimento e a ordem social, mas acreditam que são possíveis de serem alcançadas ​​sem um estado, sem um governo, sem monopólio do poder.

O anarquismo é uma teoria política que rejeita o autoritarismo e luta por uma sociedade melhor com base na liberdade, cooperação e igualdade. O anarquismo acusa o poder estatal de se legitimar a partir da opressão e dominação, impor a propriedade privada e concentrar privilégios e riqueza para uma minoria da população. Os anarquistas não rejeitam a política em si, mas sim a política institucional burguesa, que consideram um espaço corrupto onde se perde a autonomia individual. Os anarquistas acreditam que o ser humano, por natureza, é capaz de viver em liberdade e harmonia. Portanto, defendem que organizações sociais e econômicas voluntárias devem substituir as instituições autoritárias e coercitivas estatais existentes.

O anarquismo rejeita toda forma de autoridade na medida em que vê nela a fonte dos males humanos, seja tal autoridade terrestre ou divina. Como consequência, os anarquistas tendem a recusar também qualquer religião, enquanto ideologia. O Estado e sua organização burocrática é o órgão repressivo por excelência, pois priva o indivíduo de toda a liberdade, nega-lhe o direito de decidir sobre sua própria vida, impondo-lhe uma série de obrigações e de comportamentos aos quais o indivíduo não pode fugir. Do mesmo modo, o Estado é o principal inimigo dos anarquistas por ser considerado o criador e mantenedor da ordem econômica capitalista.

Apesar de ser uma importante filosofia política de crítica ao autoritarismo, o anarquismo não se constituiu como uma doutrina única, sendo mais correto falar em várias correntes, que divergem entre si principalmente no que diz respeito aos meios para alcançar a sociedade sem Estado. Por exemplo, Pierre Joseph Proudhon e Max Stirner acreditavam que o anarquismo deveria ser alcançado através da mudança pacífica das instituições coercivas, enquanto Mikhail Bakunin defendia uma revolução violenta para destruir a máquina estatal. Outros teóricos anarquistas importantes são: William Godwin, Henry David Thoureau, Leon Tolstoi, Piotr Kropotkin, Errico Malatesta, Emma Goldman e Buenaventura Durruti.

No século XIX e XX, os anarquistas tiveram grande importância em países como Rússia (onde foram perseguidos pelos stalinistas), França, Itália e Espanha. O anarquismo também exerceu bastante influência no movimento operário latino-americano, trazido por imigrantes italianos e espanhóis, inclusive no Brasil, onde organizações anarco-sindicalistas protagonizaram a greve geral do ano de 1917, uma das mobilizações operárias mais abrangentes na história do país. A partir da década de 1960, o anarquismo foi resgatado por jovens integrantes de movimentos de contracultura, como os hippies, punks e grupos estudantis. Mais recentemente, os métodos de ação direta e o caráter anticapitalista do anarquismo tem sido inspiração para novos movimentos sociais que se organizam contra o neoliberalismo.

Bibliografia:

BOBBIO, Norberto. Dicionário de Política. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1998.

COSTA, Caio Tulio. O que é anarquismo. São Paulo: Brasiliense, 2004.

PANIAGUA, Javier. Breve historia del Anarquismo. Madrid: Ediciones Nowtilus, 2012.

Este artigo foi útil? Considere fazer uma contribuição!