O coeficiente de Gini, criado pelo matemático italiano Conrado Gini, é um instrumento estatístico para medir a desigualdade de uma distribuição. Por isso ele é utilizado para mensurar a diferença entre rendimentos dos que têm mais e os que têm menos. O objetivo central é analisar a concentração de renda para apresentar as desigualdades.
O coeficiente de Gini é definido por uma razão com valores entre 0 e 1: o numerador é a área entre a curva de distribuição de Lorenz e a linha de distribuição uniforme; o denominador é a área sob a linha de distribuição uniforme. O índice de Gini é o coeficiente de Gini expresso em porcentagem, e é igual ao coeficiente de Gini multiplicado por 100.
Como foi dito no primeiro parágrafo, este coeficiente é muito utilizado para medir concentração de renda e desigualdade. Quando o índice é igual a 0 corresponde a uma igualdade de distribuição perfeita, ou seja, todos tem a mesma renda, por exemplo. Quando o índice é igual a 1 significa que a desigualdade de distribuição é perfeita, ou seja, toda a renda está concentrada nas mãos de uma pessoa e todas as outras pessoas têm 0 renda.
Mas, de forma geral, para que serve o coeficiente de Gini? Que ele é uma importante medida para concentração de renda nós já sabemos. A concentração de renda é uma importante medida para compreender os graus de desigualdade de um país, uma região. Logo, quanto maior a concentração de renda, maior a desigualdade. O que também aumenta a dificuldade de realizar medidas para diminuir as desigualdades. A desigualdade de renda é diretamente relacionada com as desigualdades sociais, portanto, o coeficiente é importante para determinar os níveis de pobreza.
Ao longo do tempo, o acompanhamento do coeficiente de Gini de um país, por exemplo, indica se houve esforços para redução da desigualdade, se ela se mantém ou se aumentou. Por exemplo, segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano da Organização das Nações Unidas (ONU) de 2016, o Brasil é décimo país mais desigual do mundo, utilizando como método de mensuração o coeficiente de Gini. Atualmente, o resultado para o Brasil é de 0,515; a África do Sul é o país com a maior disparidade, 0,634, seguido da Namíbia, 0,610 e do Haiti, 0,608. Os países com os menores índices são Ucrânia, com Gini de 0,241, Slovênia (0,256) e Noruega (0,259).
Outra pergunta a ser feita é: quanto menor o coeficiente de Gini, maior a riqueza do país? Não necessariamente, alguns países podem apresentar um bom coeficiente de Gini indicando que os poucos recursos existentes no país são distribuídos igualitariamente. Mas por que países como o Brasil, que em 2016 era a nona economia do mundo (BANCO MUNDIAL, 2017), os resultados são ruins? Simples, porque como o coeficiente mede a dispersão de valores de renda por país, logo, existe um pequeno grupo que detém grande parte da riqueza produzida no país, enquanto a grande maioria detém pouca parte desta mesma riqueza. O coeficiente de Gini, portanto, apresenta esta diferença, as desigualdades de renda.
As conclusões sobre as desigualdades sociais relacionadas ao coeficiente precisam de mais aspectos para realmente produzir uma análise confiável sobre a realidade estudada. Desta forma, antes de tirar conclusões sobre os resultados do Coeficiente de Gini é necessário conhecer a realidade que ele avalia.
Referências Bibliográficas:
BANCO MUNDIAL. GDP Ranking, 2017. 2017. Disponível em: http://data.worldbank.org/data-catalog/GDP-ranking-table.
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CÔRREA, M. Brasil é o país mais desigual do mundo. País apresenta mais disparidades que vizinhos como Chile e México. O Globo, 21 de março de 2017. Disponível em: https://oglobo.globo.com/economia/brasil-o-10-pais-mais-desigual-do-mundo-21094828.
SILBER, J. Handbook of income inequality measurement. Springer Science and Business Media, New York, 2001.
UNITED NATIONS DEVELOPMENT PROGRAMME (UNDP). Human Development Report 2016. Human Development for Everyone. New York, 2016. Disponível em: http://hdr.undp.org/en/2016-report.