As transformações sociais geradas pela revolução industrial e pelo capitalismo afetaram diretamente a relação entre o trabalhador e seu trabalho. Buscando compreender que alterações foram essas e como distribuir os lucros gerados pelo trabalho aos trabalhadores, os primeiros socialistas, chamados de socialistas utópicos, começaram a refletir sobre novos sistemas de produção. Foi assim que se desenvolveu o cooperativismo.
A generalização do sistema fabril, como consequência da introdução da maquinaria e da indústria moderna, e a emergência do proletariado fabril, como força política na sociedade burguesa, são as duas principais marcas do século XIX. A Revolução Industrial não trouxe apenas o desenvolvimento técnico e científico, que permitiu uma produção em escala nunca vista antes, foi também responsável por uma desigualdade social desconhecida até então. Os camponeses expulsos do campo, devido aos cercamentos na Inglaterra, rapidamente se tornaram mão de obra barata para a a indústria em expansão. Sua mão de obra era barata devido a situação de vulnerabilidade em que se encontravam, o que os obrigava a viver na miséria e a suportar condições de trabalho degradantes.
O cooperativismo tentava encontrar uma solução para este cenário. Estes autores, como o francês Charles Fourier, Saint Simon, Pierre Proudhom e Robert Owen, conceberam sistemas de organização da sociedade que evitasse a concentração de riqueza, imaginando um futuro que superasse a sociedade em que viviam. O cooperativismo deste período imaginava que uma sociedade construída com base nos ideais da razão, da ciência, da educação, da distribuição de riquezas era o único caminho.
Para os cooperativistas o capital deveria estar subordinado ao trabalho, o lucro não deve ser o objetivo da produção e a economia deve primeiro satisfazer as reais necessidades daqueles que produzem. A base de uma sociedade saudável é a solidariedade entre os indivíduos que a compõe, e por isso, todos deveriam ter condições de vida digna.
O cooperativismo moderno nasce com a experiência de Rochdale, na Inglaterra em 1844. Esta é considerada a primeira cooperativa que teve sucesso no mundo seu modelo influenciou a criação das cooperativas que apareceram depois dela. A lógica da cooperativa era que cada trabalhador ao lutar pela sua sobrevivência contribuía para o bem dos demais, logo esse modelo de organização social e econômica era uma forma de se opor ao sistema vigente e se constituía em uma integração que parte de baixo para cima.
De acordo com a Aliança Cooperativa Internacional (International Co-Operative Alliance), uma cooperativa é uma associação autônoma de pessoas que se unem voluntariamente de acordo com suas necessidades econômicas, sociais, culturais e suas aspirações através de uma empresa de propriedade conjunta e democraticamente controlada. As cooperativas podem ser rurais, de crédito, financeiras, artesãs, mas sempre o que as move é o princípio da autonomia parcial dos seus participantes em benefício do todo.
Embora tenha se iniciado no século XIX, o cooperativismo existe até os dias atuais e mantém forte influência. O cooperativismo também existe no Brasil e é um importante fator para compreender aspectos da nossa economia e formas organizacionais de produção.
Referências Bibliográficas:
SHAFFER, J. Historical dictionary of the cooperative movement. The Scarecrow Press, Inc. Lanham, Boston, 1999.
WILLIAM, R.C. The cooperative movement: globalization from below. Ashgate Publish Limited, Hampshire, 2007.
Holyoake, Jacob G. Self-Help by the people: the history of Rochdale Pioneers. Londres: Swan Sonnenschein & Co., Lim., 1907