Crítica social

Mestre em Ciências Sociais (PUC-Rio, 2015)
Graduada em Ciências Sociais (UERJ, 2012)

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A crítica social implica, a partir de suas análises, na busca de resoluções para os problemas sociais em questão. Ela está relacionada às questões morais e suas transformações e normalmente vem acompanhada de um tom de denúncia ou descobrimento. A pobreza, as desigualdades sociais e econômicas, aspectos culturais, dentre outros, são normalmente alvos de crítica social. Dilemas éticos, como pena de morte e aborto, também são objeto da critica social.

Para alguns autores como Michael Wazer (1985) a crítica social pode ser compreendida como interpretação; se toda realidade é objeto de interpretação, a crítica social é uma nova interpretação da realidade. Mas qual o ponto comum entre estes modelos de interpretação? O filósofo Thomas Nagel identifica um princípio moral: nós não podemos ser indiferentes ao sofrimento de outras pessoas. Para ele a crítica social reside sobre este princípio moral. Porém, argumenta Wazer que este princípio não é muito diferente da máxima religiosa “Ame ao seu próximo como a ti mesmo?” Então, o que de fato nos faz não ser indiferente ou ainda, o que nos faz criar modelos para determinar ao que não devemos ser indiferentes?

O sofrimento aqui não se reduz apenas aos aspectos fisicos. Mas tem aspectos simbólicos e morais. Não ser aceito, ser objeto de nojo, de rejeição ou sofrer impedimento por escolhas individuais, como por exemplo a escolha de gênero, ou por pertencer a um determinado grupo étnico, como os refugiados, são diferentes formas de sofrimento. A crítica social reside em desenvolver argumentos e levantar evidências sobre o sofrimento do outro e, a partir disso, propor soluções ou formas de tolerância, de reconhecimento.

Logo, como se pode perceber, a crítica social também reside sobre a questão: o que é justo? Por que o sofrimento, a injustiça, a desigualdade existe para alguns e não para outros? Após esta breve apresentação sobre a crítica social e seus aspectos constitutivos, pode-se apresentar algumas críticas sociais e suas consequências. Um importante exemplo de crítica social é a teoria marxista. Ao questionar a realidade social ocasionada pela Revolução Industrial, Karl Marx se impressionou com o sofrimento imputado àqueles homens e refletiu sobre as causas deste processo. Sua teoria é ao final propositiva quando imagina que após a revolução os homens viverão em melhores condições sociais e econômicas e serão livres, no sentido dado por este autor à liberdade.

As obras literárias, cinematográficas e a arte em geral também realizam, quando não são destinadas apenas ao caráter estético ou reflexivo sobre a própria arte, algum tipo de crítica social. Obras como Guernica, de Pablo Picasso; e Retirantes, de Cândido Portinari. Filmes como Eu, Daniel Blake, de Ken Loach. Fotografias que tratam de temas como guerras, por exemplo as de James Nachtwey e Gerda Taro, e intervenções artísticas como o grafite de Banksy são exemplos de crítica social.

No Brasil autores como João Cabral de Melo Neto e Raquel de Queiroz escreveram obras críticas. Na música o Rap é um dos gêneros atuais em que a crítica social é quase constitutiva do gênero, como nas músicas dos Racionais. Cantoras como Mc Carol e Preta Rara cantam críticas sociais à realidade brasileira.

Atualmente, no Brasil, a violência – geral, contra as mulheres, contra os negros e os pobres –, o machismo e a corrupção são os principais temas de críticas sociais.

Referência Bibliográfica:

WALZER, M. Interpretation and Social Criticism. Harvard, 1985.

Arquivado em: Sociologia
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