Os estereótipos são pressupostos ou rótulos sociais, criados sobre características de grupos para moldar padrões sociais. Um estereótipo se refere a certo conjunto de características que são vinculadas a todos os membros de um determinado grupo social. É, portanto, uma generalização e uma simplificação que relaciona atributos gerais a características coletivas como idade, raça, sexo, sexualidade, profissão, nacionalidade, região de origem, preferências musicais, comportamentos, etc. Os estereótipos funcionam também como modelos que pressupõem e impõem padrões sociais esperados para um indivíduo vinculado à determinada coletividade.
Os estereótipos são reproduzidos culturalmente e interferem (grade parte das vezes inconscientemente) nas relações sociais. Atualmente, os meios de comunicação e informação possuem um importante papel de reforçar (ou desconstruir) os estereótipos.
De acordo com o sociólogo Erving Goffman, o estereótipo se relaciona com o estigma social nos processos de construção dos significados através da interação. A sociedade institui como as pessoas devem ser, e torna esse dever como algo natural e normal. Um estranho em meio a essa naturalidade não passa despercebido, pois lhe são conferidos atributos que o tornam diferente, podendo resultar na marginalização de indivíduos dentro de uma comunidade.
Estereótipo e preconceito
Os estereótipos funcionam como uma espécie de rótulo ou carimbo que marca um indivíduo pertencente à determinada coletividade estigmatizada a partir do pré-julgamento sobre suas características, em detrimento de suas verdadeiras qualidades individuais. Grande parte das vezes, os estereótipos carregam aspectos negativos, errôneos e simplistas, e por isso formam a base de crenças preconceituosas. Estereótipos e preconceitos podem se expressar através de ironia, piada, antipatia, humilhação, insultos verbais ou gestuais, chegando inclusive a reações mais hostis e violentas. É comum um estereótipo orientar a primeira impressão de alguém sobre o outro, evitando o contato entre os indivíduos, de maneira que a experiência de interação social se restrinja ao preconceito previamente estabelecido, reproduzindo-o e perpetuando o estigma e a marginalização de certos indivíduos e grupos.
Exemplos de estereótipos
Um exemplo comum é o estereótipo de beleza, que estabelece qualidades físicas consideradas bonitas e atraentes – e por consequência, o que se considera feio e repugnante. Em geral, o estereótipo relaciona o padrão de beleza com características da classe dominante de uma época, no caso de Ocidente, aproxima-se do perfil das pessoas brancas. No mundo globalizado, o estereótipo padroniza os corpos e pode ocasionar uma série de obsessões e frustrações individuais.
Outro exemplo de estereótipo é aquele que determina os papeis, características e comportamentos de gênero. Desde cedo, os estereótipos são reproduzidos na diferença de criação entre meninos e meninas, de forma que tais padrões impostos nos acompanham durante toda a vida.
Alguns estereótipos evidentes estão também relacionados com etnias, nacionalidades ou localidades. Podemos pensar nos estereótipos formados em relação a nordestinos ou sulistas, árabes e judeus, portugueses e argentinos, ou mesmo os estereótipos criados acerca de nós brasileiros. Vale a pena ressaltar que estereótipos étnicos estão e estiveram na raiz da intolerância política e de guerras, como na imagem que os nazistas tinham acerca dos judeus como justificativa para o holocausto.
Outros estereótipos que se encontram muito presentes na sociedade brasileira e que carregam uma grande carga de preconceito dizem respeito aos homossexuais, aos negros, aos indígenas, entre tantos outros.
Referências bibliográficas:
GOFFMAN, Erving. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. Rio de Janeiro: Zahar, 1980.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/sociologia/estereotipo/