Estigma social é definido enquanto marca ou sinal que designa o seu portador como desqualificado ou menos valorizado, ou segundo a definição de Erving Goffman: “a situação do indivíduo que está inabilitado para aceitação social plena” (GOFFMAN, 2004, P.4). Para a sociologia o estigma está relacionado com a identidade social dos sujeitos e dos grupos sociais.
Recorrendo-se à etimologia da palavra percebe-se que ao longo do tempo ela foi adquirindo distintos significados. Inicialmente, ainda na Grécia Antiga, era utilizada para sinalizar as marcas corporais de escravos e criminosos. Na Idade Média, a palavra passou a designar as marcas da graça divina ou sinais físicos causados por doenças. Atualmente, a palavra possui diferentes significados, mas especialmente, no que se refere aos seus aspectos sociais. Para a sociologia o conceito de estigma social está relacionado com a categorização de um grupo por outro, conferindo-lhe um grau inferior de status social. Atribuir um estigma está relacionado com as pré noções, os preconceitos, os esterótipos e o medo do desconhecido que fazemos sobre os outros.
Esse processo é perverso porque a identidade atribuída por um grupo a um indivíduo ou grupo social pode passar a identidade que este mesmo grupo se auto atribui. A normatividade imposta para a ser naturalizada, o que faz com que facilmente o grupo estigmatizado aceite posições inferiores de status social devido a internalização da categoria que lhe é imposta.
Em “Os estabelecidos e os outsiders” Norbert Elias e John Scotson discutem os efeitos dessa relação de poder em uma pequena cidade da Inglaterra. Os autores identificaram nesta pequena cidade as características gerais deste tipo de relação, que aborda um tema humano universal. O que chamou a atenção destes pesquisadores foi a evidência de que as diferenças entre os grupos em disputa serem muito pequenas, apenas o tempo de residência na cidade. O que os levou a concluir que “a exclusão e a estigmatização dos outsiders pelo grupo estabelecido eram armas poderosas para que este grupo preservasse sua identidade e afirmasse sua superioridade, mantendo os outros firmemente em seu lugar” (ELIAS, SCOTSON, 2000, p. 22).
Portanto o estigma cumpre a importante função de designar os que pertencem e os que não pertencem a um determinado grupo, ou os “insiders” e os “outsiders”. O que de fato define esta relação é que o grupo estabelecido, ou aquele que possui o poder de categorizar os demais, atribui a si e aos seus membros características humanas superiores. Isto os autoriza a excluir e diminuir o grupo que categorizam.
A principal consequência deste tipo de relação é a negação de direitos e oportunidades ao grupo estigmatizado. Pode-se pensar na situação de negros, pobres e imigrantes como um exemplo de estigma. Aos serem categorizados enquanto tal passam automaticamente a serem percebidos como indesejáveis, criminosos, preguiçosos, e de maneira geral como uma ameaça.
A melhor forma de evitar os processos de estigma é compreender e conhecer o grupo que está sendo estigmatizado, relacionando as características negativas impostas a eles com as forças sociais, culturais, políticas e econômicas que os envolvem. Sendo assim, é necessário conhecer os tipos de coerção que lhes são impostas, pois muitas vezes estão exercendo os papéis que foram a eles foram designados, sem opção de escolha.
Referências Bibliográficas:
GOFFMAN, E. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. LTC, 1981.
ELIAS, N.; SOCTSON, J. L. Os estabelecidos e os outsiders. Rio de Janeiro, Zahar, 2000.