Estratificação social nomeia um campo de estudos dedicado a classificar indivíduos e grupos sociais de acordo com status sociais e poder econômico. De certa forma, esses estudos buscam compreender como uma sociedade se organiza hierarquicamente. O que distingue àqueles que têm mais poder dos que não tem poder algum? Ou, o que faz com que alguns tenham muita riqueza e outros sejam miseráveis? Essas perguntas são questionamentos referentes à estratificação social.
Dois autores da sociologia são marcos referenciais desses estudos, são eles Karl Marx e Max Weber. Embora o primeiro autor esteja sempre associado aos estudos econômicos ele também se dedicou à crítica da economia política e, consequentemente, aos estudos sobre os aspectos sociais da economia e de seus efeitos. O segundo busca explicar as posições de classe para além de seu caráter econômico, associando-o aos aspectos simbólicos, como prestígio. Marx chama as posições sociais de classe, enquanto Weber as nomeia enquanto estamentos.
A distribuição desigual de recursos, sejam eles riqueza, status, prestígio social ou poder, definem uma sociedade estratificada. O status social de uma pessoa pode, portanto, ser definido por diferentes fatores, que vão desde o gênero até a riqueza possuída. O cruzamento entre esses fatores, variando entre autores e campos de estudos, posicionam os indivíduos em suas posições sociais.
Os estudos sobre estratificação social são importantes porque permitem compreender como o poder, a riqueza e o status são distribuídos em uma dada sociedade. A partir disso, é possível pensar as desigualdades para além dos fatores econômicos ou da concentração de renda, refinando o conhecimento de conflitos e problemas que se relacionam mais com aspectos simbólicos que econômicos (BOURDIEU, 2008)
Comumente os livros didáticos de história trazem análises sobre aspectos sociais que estão diretamente ligados à estratificação social em diferentes civilizações e momentos históricos. Quando se fala sobre a divisão de uma sociedade como a medieval em três estamentos, servos, nobres e clero, está-se a falar sobre estratificação social. Como se vê o status pode ser atribuído ou adquirido; o segundo também é chamado de meritocracia. Mas, também se nota que essas análises envolvem outras perguntas que não somente a classificação e posicionamento social: é possível mudar de classe, estamento ou posição? Depende da sociedade, da rigidez de suas regras sociais e culturais, das oportunidades econômicas bem como muitos outros fatores.
Por isso, os estudos sobre mobilidade de classe analisam trajetórias de famílias, indivíduos e grupos sociais para compreender se existe mobilidade entre as gerações. Neste caso a estratificação social cruza-se com outro tipo de análise para refinar o conhecimento sobre posições sociais e oportunidades de mudança. Por exemplo, quatro aspectos estão diretamente relacionados com a mudança de classe intergeracional: educação, ocupação profissional, área de residência, gênero e estado civil (HOLLINGSHEAD, 1975).
Logo, estratificação é um tema importante para discutir desigualdades sociais, concentração de renda, status social, mecanismos de distribuição de renda e políticas públicas em geral para redução de desigualdades.
Referências bibliográficas:
BOURDIEU, P. A distinção – crítica social do julgamento. Zouk, Porto Alegre, 2008.
HOLLINGSHEAD, A. B. Four Factor Index of Social Status (Non-published work, 1975). Yale Journal of Sociology Volume 8 Fall, 2011.
BREEN, RICHARD e ROTTMAN, DAVID B., Class Stratification – A Comparative Perspective, Londres, HarvesterWheatsheaf, 1995