O feminismo é um movimento que luta contra todas as formas de opressão exercidas sobre as mulheres e pela igualdade entre os gêneros. Bastante plural e diverso, o feminismo também pode ser visto como uma corrente filosófica, que atinge diferentes áreas do conhecimento, gerando desde uma arte até uma historiografia feminista. Até o século passado, os saberes científicos foram majoritariamente desenvolvidos por homens, que frequentemente ignoravam o papel da mulher na sociedade, usando a autoridade científica para legitimar hierarquias entre os sexos. Na medicina, por exemplo, inúmeros estudos se dedicavam a “provar” a inferioridade física e intelectual da mulher.
Na antiguidade clássica - berço do modelo político de democracia adotado pelo ocidente – as mulheres, assim como os escravos, eram excluídas das esferas públicas, proibidas de participar das decisões políticas e confinadas à vida privada e seus afazeres domésticos. No entanto, esse modelo não se repetia em todas as civilizações daquele tempo. Há inúmeros registros de outras culturas onde a divisão sexual do trabalho ou outra forma de hierarquização de um sexo sobre o outro eram inexistentes. Na Idade Média, o pensamento teológico dominante ligava a figura e o corpo da mulher ao pecado. A Inquisição e a “caça às bruxas” foram responsáveis pela morte de milhares de mulheres.
Na Europa do século XIX, as revoluções burguesas conseguem instituir a igualdade formal dos homens no nível das leis e da política. Entretanto, esse direito não se estende as mulheres, ainda que houvessem participado das lutas por sua conquista. Aí surgem os primeiros movimentos organizados de mulheres que se tem registro na história moderna. Elas exigiam que os direitos conquistados pela Revolução Francesa não ficassem restritos aos homens. Entretanto, a conquista do direito ao voto se deu muito posteriormente na maioria dos países. Na Inglaterra e na França, o Movimento Sufragista envolveu três gerações de lutas até que o direito ao voto feminino fosse realidade, o que só ocorreu nas primeiras décadas do século XX.
Durante a consolidação do capitalismo industrial, a mão-de-obra feminina foi extremamente desvalorizada, recebendo a metade do remuneração do equivalente masculino. Dentro dos nascentes sindicatos, as mulheres também enfrentaram preconceitos, o que fez com que muitas vezes articulassem seus próprios espaços de luta. O dia 8 de março, hoje celebrado como Dia Internacional da Mulher, tem como origem as mobilizações de trabalhadoras russas no contexto imediatamente anterior à Revolução de 1917. A data, entretanto, só foi oficializada pela Organização das Nações Unidas em 1975.
No anos 1960, uma segunda onda do feminismo desponta questionando radicalmente a naturalização dos papeis sociais de gênero. Mulheres se dedicam a denunciar as formas como os processos de socialização ensinam meninos e meninas a cumprirem seus papéis de dominantes e dominadas. Essas feministas sustentam que o masculino e o feminino são criações culturais, comportamentos que aprendemos desde cedo. Por ser um processo histórico e não uma fatalidade biológica, a hierarquia entre os sexos pode então ser combatida em todas as áreas. A partir dessa constatação as frente de luta do feminismo não param de se multiplicar. Algumas das suas principais bandeiras são o fim da violência doméstica e da cultura do estupro, a descriminalização do aborto, a liberdade sexual, o fim da desigualdade salarial e o reconhecimento do trabalho doméstico como um trabalho não pago. Dentro do feminismo alguns grupos também se organizam a partir das suas reivindicações e experiências específicas, a exemplo das mulheres negras, das mulheres trans e das lésbicas. Em suas representações diversas, o objetivo comum das feministas é a superação das estruturas que sustentam a assimetria de poder entre os diferentes gêneros em todas as esferas.
Bibliografia:
ALVES, Branca Moreira e PITANGUY, Jacqueline. O que é feminismo? São Paulo: Ed. Abril Cultural e Brasiliense, 1985.