Funcionalismo é uma teoria adaptada para diferentes campos de conhecimento, como a filosofia, a psicologia e a antropologia. Seu principal objetivo é explicar a sociedade, as ações coletivas e individuais, a partir de causalidades, ou seja, de funções. Desta forma a sociedade, ou o que se observa a partir desta teoria, é compreendida como um organismo, composto por órgãos relacionados e com funções específicas.
O fundador desta teoria foi Émile Durkheim, um dos fundadores da sociologia. Seu interesse era compreender quais são os fatores que definem uma sociedade, ou seja, o que faz com que uma sociedade não seja apenas uma coleção de indivíduos. Por isso ele estudou as estruturas que compõem uma sociedade, especialmente em nível macro. Outros autores que contribuíram para a teoria funcionalista foram Hebert Spencer, Talcott Parsons e Robert Merton.
Os teóricos funcionalistas compreendem a sociedade como cada parte da sociedade de acordo com sua função para a estabilidade da sociedade como um todo. Esta visão é portanto sistêmica, observando quais os fatores que unem as diferentes partes que compõem a sociedade formando um grande sistema, como uma máquina e suas diferentes peças e engrenagens.
De acordo com esta perspectiva, especialmente a durkheimiana, as partes deste grande organismo não funcionam isoladamente. Elas foram desenhadas para funcionarem juntas e quando uma delas deixa de funcionar adequadamente todo o sistema sofrerá danos. Todas as partes dependem entre si. Essas partes podem ser compreendidas como as instituições, os grupos sociais e demais atores que formam a sociedade, como agências estatais e a família.
Mas o que de fato faz com que todas estas partes exerçam sua função? O consenso. É ele que garante a estabilidade social e os valores comuns de uma sociedade. Este modelo de análise influenciou muitos estudos em diferentes momentos, mas especialmente trabalhos sobre cultura, instituições e participação social.
Um dos métodos encontrados por Durkheim para compreender as diferentes funções de cada uma dessas partes que compõe a sociedade foi através do estudo das sociedades ditas primitivas. Segundo o autor, estas sociedades apresentavam uma composição mais simples e, por isso, seria mais simples observar o papel desempenhado por cada parte. Esta é a perspectiva adotada em sua obra “As formas elementares da vida religiosa”.
Esta metodologia influenciou muito o campo de estudos da antropologia. Um de seus principais autores, Bronislaw Malinowski, buscava compreender as instituições sociais de uma perspectiva universalista. O funcionalismo de Malinowski inspirou muitos trabalhos e inaugurou novos campos de estudos e metodologias. Ele enfatizava a importância de estudos sobre comportamento social e as relações sociais em seu contexto cultural concreto, estabelecendo um novo paradigma metodológico que substituía o método histórico especulativo pela etnografia baseada na observação participante.
O funcionalismo foi importante para refutar teorias como o evolucionismo e o difusionismo, que dominava a antropologia americana e britânica da época. Os funcionalistas priorizavam a descoberta dos fatos, a existência material; a realidade dos eventos deveria ser encontrada em suas manifestações no presente, por isso a importância do trabalho de campo e da observação participante.
Essa teoria foi muito influente nos anos 1960 e 1970, porém sofreu muitas críticas, principalmente por não conseguir explicar a complexidade da sociedade e de seus atores. Para outros, como os teóricos marxistas, o funcionalismo produzia análises estáticas e conservadoras, que não contribuíam para mudar o status quo.
Referências Bibliográficas:
DURKHEIM, E. As formas elementares da vida religiosa. São Paulo, Martins Fontes, 1996.
THE UNIVERSITY OF ALABAMA. Anthropological theories: a guide prepared for studentes to students. 2009. Disponível em: http://anthropology.ua.edu/cultures/cultures.php?culture=Functionalism.