REFLEXÕES SOBRE A TOLERÂNCIA
Quem de nós já não se sentiu, de alguma forma, constrangido diante da necessidade de dar uma resposta sobre ser ou não preconceituoso? Essa resposta pode ser uma exigência dos amigos ou familiares, do meio social por nós freqüentado ou até mesmo uma exigência que fazemos a nós próprios.
Obviamente se levará em conta o fato de ter em casa uma empregada negra ou de ter na empresa funcionários deficientes físicos ou até de não se importar com o fato de que na escola nossos filhos têm um amigo com necessidades especiais de alguma espécie. Contudo, isso não é garantia de que reconhecemos essas diferenças ou se apenas toleramos o convívio.
Vivemos um momento na história da humanidade cuja discussão em muitos ambientes gira em torno da diversidade. Seja relativamente à escola freqüentada, da religião escolhida ou mesmo discussão da cultura como um todo. Discute-se o reconhecimento destes sujeitos como diferentes entre si e, portanto possuidores de direitos e deveres específicos de cada um dentro de sua realidade. O fato de se perceber que se discute muito mais o assunto é importante pensar sobre até que ponto existe, realmente, um reconhecimento.
Na verdade o que se pode perceber em muitos casos é que existe uma tolerância das diferenças. Ou seja, brancos que toleram negros mas não reconhecem seus valores e direitos enquanto seres humanos; ricos que toleram os pobres porque deles necessitam e para se mostrarem “humanos” e mais uma infinidade de exemplos que poderiam ser citados mas não se faz necessário neste momento já que se trata de tolerância e do reconhecimento em si. Seja como for, reconhecer não é tolerar. Reconhecer tem um “quê” de verdadeiro, de real, de atribuir um valor ao que é diferente ou ao que é igual, o que leva a um convívio entre iguais reconhecendo as diferenças. Quando se trata de tolerância é mais uma questão de imposição, não importa se da parte da realidade, da sociedade ou até mesmo da lei.
Se é uma questão de tolerância apenas, dificilmente haverá uma valorização da cultura e das diferenças de cada um. Assim, se nos espaços de convívio comum há negros e brancos, ricos e pobres, por exemplo, e ali o que existe é tolerância, é só isso que eles serão, nunca seres humanos que possuem particularidades e valores, o que aconteceria no caso de se tratar de reconhecimento verdadeiro.