A lei dos três estados, formulada por Auguste Comte, é considerada como a lei fundamental de sua teoria e rege o modo de pensar da humanidade. Ela caracteriza-se por concepções da história humana e indica que elas passam por três fases: teológica, metafísica e positiva:
Em outros termos, o espírito humano, por sua natureza, emprega sucessivamente em cada uma de suas investigações três métodos de filosofar, cujo caráter é essencialmente diferente e mesmo radicalmente oposto: primeiro, o método teológico, em seguida, o método metafísico, e finalmente, o método positivo [...] (COMTE, 1825, pp.125-126).
O estado teológico, ou fictício, é concebido por Comte como aquele em que o espírito humano busca explicações para os fenômenos sociais e da natureza no sobrenatural, na ação divina, uma explicação que ainda não estaria voltada para o uso racional da mente humana, sendo por isso primitivo. Este estado subdivide-se em três fases, a saber: o fetichismo, o politeísmo e o monoteísmo. Comte entende que no fetichismo outros seres possuem vida semelhante a dos seres humanos, mas com poderes mais elevados, como os astros que são entendidos por ele como morada dos deuses (SOARES, p.46). O politeísmo onde a vontade dos deuses possuía controle absoluto sobre todas as coisas e, por último, o monoteísmo onde apenas um deus controlava todos os fenômenos.
O estado metafísico é a transição entre o teológico e o positivo. Os agentes sobrenaturais presentes no estado teológico dão lugar a forças abstratas personificadas,
“não predomina mais a pura imaginação, mas também não se está, ainda, sobre o domínio da verdadeira observação. No entanto, a razão começa a se preparar para o exercício verdadeiramente científico, como salienta Comte. Daí porque é necessário afastar a metafísica da discussão sobre a ciência: é necessário que ela deixe de existir para dar lugar ao conhecimento dito verdadeiramente científico”(BRANDÃO, 2011, p.83).
Por fim, o estado positivo é o estado científico e ocorre quando a observação dá lugar à imaginação e abstração presentes nos dois estados anteriores. Os fenômenos não dependem mais das vontades divinas ou do homem. O conhecimento científico encontrou sua perfeição e é o último estágio da evolução mental da razão humana.
Auguste Comte, francês, é o fundador do positivismo e um dos fundadores da sociologia. Para Comte a lei dos três estados só tem um sentido rigoroso quando combinada com a classificação das ciências (ARON, 2009, p. 67). Esta ordem de classificação das ciências nos explica como os graus de positividade da ciência em diferentes domínios.
As primeiras ciências positivas, de acordo com esta escala são a matemática, a física e a química e depois a biologia. Quanto mais simples e analítica a ciência, mais positiva. Mas esse grau de cientificidade combinado com a lei dos três estados tinha como intenção provar a positividade da política e a necessidade da sociologia, quando as ciências deixam de ser analíticas e passam a ser sintéticas. A sociologia é, portanto, a ciência do todo sobre o elemento, e por isso, a mais evoluída, porque seu objeto é o próprio homem. “A sociologia sintética sugere tal competência: ciência do todo histórico, não só determina o que foi e o que é, mas também o que será” (Idem.). Este determinismo é chamado pelo autor como realização da natureza humana. Porém, é necessário recordar que esta teoria sofreu muitas críticas.
Referências Bibliográficas:
ARON, R. As etapas do pensamento sociológico. Martins Fontes, 2009.
BRANDÃO, R. A postura do positivismo com relação às ciências humanas. Theoria - Revista Eletrônica de Filosofia. 2011.
COMTE, Auguste. “Cours de philosophie positive”: première leçon. In: La science sociale, 1825, p. 125-126.
COSTA, J. Cruz. Augusto Comte e as origens do Positivismo. Revista de História, São Paulo, v. 2, n. 5, p. 81-103, mar. 1951. ISSN 2316-9141.
SOARES, M.P. O positivismo no Brasil: 200 anos de Augusto Comte. Porto Alegre, 1998.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/sociologia/lei-dos-tres-estados/