Manifesto Comunista

Mestre em Ciências Sociais (PUC-Rio, 2015)
Graduada em Ciências Sociais (UERJ, 2012)

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O Manifesto do Partido Comunista, escrito por Karl Marx e Friedrich Engels, foi publicado em 1848. Este ano é crucial para compreender a história do Ocidente, mais especificamente da Europa. Segundo Eric Hobsbawmnunca houve uma [revolução] que se tivesse espalhado tão rápida e amplamente, alastrando-se como fogo na palha por sobre fronteiras, países e mesmo oceanos” (HOBSBAWN, 1996, PG. 28) como a de 1848.

Foi neste contexto que o Manifesto foi publicado, na iminência da realização de uma revolução sem precedentes. Resultado do estreitamento das relações dos dois autores com a Liga dos Justos, uma união de trabalhadores fundada em 1836 por artesão alemães emigrados na Inglaterra, o panfleto tinha como objetivo conscientizar os trabalhadores de sua condição e da força de sua união.

Em 1840 a Liga entrou em crise principalmente pela dificuldade de estabelecer as ideias que a regiam, já que seus integrantes cultivavam utopias, ideologias e crenças que se distanciavam de uma concepção clara e objetiva da realidade dos trabalhadores na Inglaterra. Quando Engels visitou a Inglaterra em 1845 viu que a Liga dos Justos poderia representar o Correspondente do Comitê Comunista na Inglaterra, foi assim que aos poucos a Liga se convenceu que deveria abandonar a luta para estabelecer um sistema utópico, mas que deveriam desempenhar um papel consciente nas mudanças sociais em curso naquele momento.

É a partir dessa mudança que Marx e Engels começam a fazer parte da Liga: os dois foram convidados para reorganizá-la com a condição de se associarem e de a tornarem uma seção do Comitê Comunista na Inglaterra. A Liga dos Justos passou a se chamar a Liga Comunista e seu lema mudou de “Todos os homens são irmãos” para “Trabalhadores do mundo, uni-vos!”. Dois congressos foram organizados para pensar o novo papel da Liga e seu alinhamento com os ideais comunistas. O primeiro aconteceu em 1847 e ali surgiu a necessidade de um documento que orientasse os trabalhadores sobre sua situação.

O comunismo é compreendido como o resultado final da força da história, o sistema que substituiria o capitalismo. A frase de abertura deste panfleto demonstra o impacto que pretendia causar e que causa até hoje: “A história de toda sociedade até os nossos dias é a história da luta de classes” (MARX, ENGELS, 2009, pg. 23). O objetivo era conscientizar os trabalhadores das suas condições sociais, históricas; conscientizá-los de que o que os impediam de ter uma vida digna e boa eram as relações de trabalho às quais estavam submetidos, e que, isto poderia ser rompido quando eles abandonassem a ideologia da qual eram prisioneiros, a ideologia burguesa dominante.

O livro traça uma linha evolutiva, demonstrando que a burguesia já cumpriu seu papel: “(...) a burguesia não forjou apenas as armas que lhe darão a morte; também engendrou os homens que empunharão essas armas: os operários modernos, os proletários” (MARX, ENGELS, 2009, pg. 34). A força deste documento é imensurável. Claramente, com o olhar do presente, encontramos limites nas suas propostas, mas nada que diminua sua importância.

Referências Bibliográficas:

MARX, K.; ENGELS, F. Manifesto do Partido Comunista, 1848. Porto Alegre: L&PM, 2009.

MAYER, Gustav. Friedrich Engels: a biography. Chapman & Hall, London, 1935.

NETTO, J. P. Marx: a criação destruidora. IV curso livre de Marx e Engels. São Paulo, Boitempo Editora: 2013.

Arquivado em: Sociologia
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