O processo pelo qual um indivíduo ou grupo social é confinado a uma posição inferior na sociedade é chamado de marginalização. Atualmente, considera-se que a marginalização é um processo que envolve aspectos distintos, como condição sócio-econômica e pertencimento étnico. Uma das consequências deste processo é a exclusão social, ou seja quando o indivíduo ou grupo é excluído das relações sociais e de trabalho.
A pobreza é um dos principais fatores associados à marginalização. Outro fator é a dificuldade de estabelecer residência em grandes centros urbanos e de estabelecer vínculos sociais. Fatores de ordem da saúde mental, tais quais doenças mentais e uso de drogas, também figuram neste processo. Para autores como Robert Castel a marginalização é um processo de exclusão causado pelas desigualdades sociais.
A precarização do trabalho, a “desfiliação social”, a invisibilidade, a falta de vínculos sociais, a vulnerabilidade em que os marginalizados estão imersos denuncia a dificuldade de mudar esta condição. É crucial chamar atenção para o fato de que tornar-se marginalizado não é um processo de escolha. As pessoas e os grupos que estão nesta condição são empurrados pelas desigualdades sociais e econômicas, por fatores culturais e até mesmo por características individuais, como a sensação de deslocamento e não pertencimento.
As sociedades cujo sistema econômico é o capitalismo, sob sua forma contemporânea neoliberal e globalizada, têm o trabalho como uma das principais formas de inserção social. O sistema de ensino, desde a creche até o ensino superior, é uma das credenciais para fazer parte deste mercado de trabalho. O acesso à saúde, a manutenção de aspectos estéticos desejáveis, como possuir dentes em boas condições, também se relacionam com a possibilidade ou não de conseguir trabalho e que tipo de trabalho.
Quando o trabalho está associado a este tipo de credenciais fica claro que aqueles que não as detém são automaticamente marginalizados. Os empregos a eles destinados são sempre braçais e mecânicos e os vínculos empregatícios vulneráveis, como é o caso dos terceirizados. O local de residência é outra marca imposta aos marginalizados, pois como todas as oportunidades lhes são frequentemente negadas, não se passa diferente como o lugar em que vivem. Nos centros urbanos o preço de moradia gira sempre em valores exorbitantes, o que faz com que os desvalidos sejam empurrados para o entorno das grandes cidades. Lugares quase sempre sem acesso a serviços, como sistema sanitário, o acesso à saúde e educação também é precário, bem como infraestrutura em geral.
Estudos mais recentes, como das autoras Veena Das e Debora Poole, atentam para o fato de que as margens não são apenas locais periféricos. As margens, ou os lugares onde vivem os marginalizados, são lugares de intensa dinâmica social, que justamente por estar à margem, é desconsiderado pelo status quo, pelo padrão. Como foi dito anteriormente, ser marginalizado é um processo que não se escolhe, mas que tem direta relação com o Estado e com a socidade. Porém, é importante ressaltar que as pessoas que sofrem e vivenciam esta condição não a aceitam de forma submissa e passiva.
Cotidianamente os que sofrem o processo de marginalização criam e praticam diferentes estratégias para quebrar ou diminuir as forças que lhes são impostas. O trabalho informal, a cultura, como o grafite, o pixe e o funk, e a solidariedade são exemplos disso.
Referências bibliográficas:
CASTEL, R. As metamorfoses da questão social: uma crônica do salário. Editora Vozes: Petropólis, Rio de Janeiro, 2008.
DAS, V.; POOLE, D. Anthropology in the margins of the State. Oxford University Press: New York, 2004.