Marxismo

Por Camila Betoni

Mestrado em Sociologia Política (UFSC, 2014)
Graduação em Ciências Sociais (UFSC, 2011)

Categorias: Sociologia
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O marxismo pode ser entendido como um conjunto de ideias desenvolvidas a partir das obras de Karl Marx e Friedrich Engels e que causaram grande impacto no mundo todo. Como corrente teórica, o marxismo oferece um método específico para a análise social de alguns aspectos da sociedade moderna, especialmente aqueles ligados aos conflitos de classe e a organização produtiva. O marxismo é uma teoria sobre a evolução da sociedade que pretende explicar cientificamente o capitalismo. Além disso, também se apresenta como uma corrente política voltada para a transformação radical da ordem socioeconômica. O termo “marxismo” só passou a ser utilizado anos após a morte de Marx e agrega pensamentos distintos e, as vezes, até discordantes. Vejamos alguns pontos de comum acordo entre os marxistas.

As contínuas mudanças na sociedade só podem ser explicadas quando compreendemos a forma como os seres humanos, em um determinado tempo histórico, produzem aquilo que lhes é necessário para viver. Isso é, a forma como nos organizamos coletivamente para sanar nossas necessidades (de comer, estudar ou vestir-se, por exemplo) é fundamental para compreender outros aspectos de organização da sociedade. Por isso, para Marx, captar as dinâmicas do modo de produção capitalista e as relações entre as classes sociais é fundamental para entender a organização política e as ideias dominantes de nossa época. Essa metodologia de análise social - aqui colocada de forma bastante simplificada - leva o nome de materialismo histórico dialético.

Para os marxistas, a sociedade moderna está marcada por interesses antagônicos, isso é, inconciliáveis, entre as classes que possuem e as que não possuem os meios de produção – tudo aquilo que é necessário para trabalhar: como as ferramentas, o espaço ou a matéria-prima. As classes despossuídas não tem outra fonte de subsistência senão a venda de sua própria força de trabalho, o que faz com que se tornem empregadas das classes que detém os meios de produção. A existência de interesses antagônicos gera conflitos, que ficam especialmente explícitos em episódios de greve e mobilizações por aumento de salários ou pela ampliação dos direitos trabalhistas. Esses conflitos entre as classes sociais, para o marxismo, é central para compreender a própria história da humanidade.

O marxismo se coloca como uma teoria voltada para a ação. Suas perspectivas se articulam de forma a criticar o sistema econômico desde o ponto de vista do trabalhador e indicando a necessidade de melhoria das condições de vida dos trabalhadores, que geralmente são a maior parte da população. Nesse sentido, o marxismo estabelece a indispensabilidade de uma ruptura com o capitalismo rumo a adoção de um sistema político-econômico mais generoso, que rompa com as desigualdades sociais. Como seria esse sistema e de que forma chegaríamos até ele é objeto de larga discussão e discordância entre os teóricos. O fundamental aqui, é a rejeição de teorias sociais que não estejam orientadas para a ação de mudança.

Apesar de ter ganhado muita visibilidade por conta da Revolução Russa e da instauração da URSS, o marxismo foi muitas vezes instrumentalizado de forma simplista durante este longo processo, apresentando uma versão ortodoxa e pretensiosa demais (que provavelmente seria reprovada pelo próprio Karl Marx). A crítica a perspectiva soviética foi apresentada por marxistas críticos, que admitiram os limites de sua teoria e buscaram novas interpretações menos ortodoxas para a obra de Marx e Engels, adaptando-as para compreender questões contemporâneas. No Brasil, o marxismo teve grande influência entre intelectuais de diferentes áreas, entre os quais citamos Caio Prado Júnior, Florestan Fernandes, Darcy Ribeiro e Oscar Niemeyer.

Bibliografia:
BOTTOMORE, Tom (editor). Dicionário do pensamento marxista. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.

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