Patriarcado pode ser entendido como uma instituição social que se caracteriza pela dominação masculina nas sociedades contemporâneas em várias instituições sejam elas políticas, econômicas, sociais ou familiar. É uma forma de valorização do poder dos homens sobre as mulheres que repousa mais nas diferenças culturais presentes nas ideias e práticas que lhe conferem valor e significado que nas diferenças biológicas entre homens e mulheres (MILLET,1969, p. 58).
O uso deste termo possui diversas concepções dentro da teoria feminista. Para algumas, “trata-se do conceito capaz de ‘capturar a profundidade, penetração ampla e interconectividade dos diferentes aspectos da subordinação das mulheres” (WALBY, 1990, p.2). Para outras feministas, a noção de patriarcado seria apenas mais uma forma de manifestação da dominação historicamente masculina que corresponderia a uma forma específica de organização política, vinculada ao absolutismo, e bem diferente do que conhecemos nas democracias contemporâneas. Embora as instituições patriarcais se transformem, a dominação masculina permaneceria uma constante.
Sylvia Walby, teórica feminista que escreveu uma obra teorizando acerca do patriarcado entende que ele se manifesta de duas formas: na forma privada, na família, onde as mulheres são excluídas da esfera pública e controladas diretamente pelos indivíduos patriarcais. No que ela entende como patriarcado público, por outra vez, as mulheres conseguem ter acesso tanto à esfera pública como à privada, mas continuam subordinadas no âmbito público. Esta mudança do patriarcado na esfera pública e privada é defendida pela autora como uma interação da expansão do capitalismo com a primeira onda do feminismo.
Existe tanto a compreensão quanto o argumento de parte do movimento feminista sobre o caráter patriarcal do Estado, ou, de forma ainda mais hierárquica, de que o Estado é parte do patriarcado. Esta seria a razão pela qual, previamente subordinado ou contaminado pelas dinâmicas das relações de poder entre os gêneros e da dominação masculina, ele seria impossível de conciliação com o ideário feminista (BIROLI; MIGUEL, 2012, p. 248).
Entender a noção de patriarcado é essencial para se entender a opressão sentida pelas mulheres historicamente. Embora seu uso possua diversas concepções, é comum a todos o entendimento de que o patriarcado é uma instituição social dominada por homens que mantem as mulheres à margem da sociedade e submissas ao poder masculino em diversas esferas sejam elas políticas, sociais ou econômicas. Conclui-se que embora as diversas formas de dominação patriarcal e suas instituições tenham se transformado com o passar dos anos, a dominação masculina continua presente e seria, de certa forma, “um fenômeno mais geral que o patriarcado” (BIROLI; MIGUEL, 2014, p. 19).
Referências:
MILLET, K. (1969). Sexual politics. London. 1969
WALBY, S. Theorizing patriarchy. Oxoford, Basil Blackwell, 1990.
MIGUEL, L. F; BIROLI, F. Feminismo e política. 1. ed. São Paulo: Boitempo, 2014. v. 1. 164p
MIGUEL, L.F.; BIROLI, F. Teoria política e feminismo: abordagens brasileiras. 1. ed. Vinhedo: Horizonte, 2012. v. 1.