Sistema social é um todo de relações sociais entre diferentes partes, porém que as supera já que a interação entre as partes é, para a sociologia, mais importante que as partes em si, em termos de análise. Um sistema social não é definido pela sua extensão, mas sim pelas características internas que apresenta, sendo a inter-relação entre partes para construir estratégias de ação social. A teoria dos sistemas é mais relacionada à Sociologia Funcionalista, porém não deixa de se apresentar como uma categoria importante de interpretação social para os demais métodos sociológicos.
“Um sistema social é qualquer conjunto interdependente de elementos culturais e estruturais que podem ser considerados uma unidade.” (JOHNSON, 1997, p.209).
O sistema social, porém, não é necessariamente a sociedade em si, mas pode vir a ser. A ideia de sistema social é a construção de um todo coeso em que interagem indivíduos, mas também instituições sociais e grupos sociais mais amplos. Dessa forma, o sistema social se baseia na ideia de relação entre diferentes partes e a atribuição de sentido a essas relações. A interação entre esses elementos traz características aos sistemas sociais, como regras, normas e valores. Exemplos de sistemas sociais são: o casamentos, times de esportes, amizades, empresas, exércitos etc. Dentro de cada um desses grupos existem relações sociais e simbólicas que ultrapassam os próprios indivíduos que afetam e constroem compreensões sociais que podem se reproduzir na sociedade, organizam as relações dentro dos sistemas sociais, atribuem valor e poder a diferentes instâncias e se movem no social criando outras relações.
“O conceito de sistema social corporifica o que é talvez mais importante de todos os princípios sociológicos: que o todo é maior que a soma de suas partes. [...] É o arranjo das partes que faz do todo o que ele é, e não apenas as características das próprias partes, e é a concentração nesses arranjos que distingue a sociologia de outras maneiras de encarar a vida humana.” (JOHNSON, 1997, p. 209).
Talcott Parsons, sociólogo americano do século XX, tornou-se clássico ao estudar os sistemas sociais. Uma das instituições sociais estudadas por este autor é a família, que se relaciona com os sistemas sociais por ser uma parte dos mesmos e por promover a interiorização das regras da sociedade e a educação primária dos indivíduos. A família tem por função social ensinar aos novos membros do social sobre as regras de coesão e coerção social, criação de laços e de identidade, mesmo que não seja feito de maneira racional e reflexiva sobre sua ação. Ao ensinar o papel de meninos e meninas, a família cumpre sua função de socialização de indivíduos em um sistema social em que está inserida e que cobrará desses indivíduos tais posturas sociais.
“A família, acreditava Parsons, é uma das várias instituições, como o sistema educacional e o jurídico, que tem papéis que se sustentam e garantem o estável funcionamento da sociedade como um todo. A partir da perspectiva de Parsons, a família nuclear moderna – na qual marido, esposa e filhos vivem relativamente isolados de sua família estendida e da comunidade – é o primeiro agente de socialização. As pessoas derivam seu status e papéis a partir de várias posições na família.” ( THORPE et al., 2016, p. 300).
A relação do sistema social com as suas partes e as relações e ações dos indivíduos nesses processos preocupam alguns autores. O que precisa ficar claro é que não se ignoram, em nenhum dos métodos de interpretação sociológica, a ação dos indivíduos. Porém, em algumas abordagens essa ação é mais evidenciada e em outras menos. Porém, em termos do sistema social a ação é a mesma. Os indivíduos possuem agência em sistemas sociais, porém dentro de possibilidades. Ao extrapolar as ações possíveis, os indivíduos sofrem coerções do sistema social, seja jurídica ou moral. O pensar sobre ir além de determinados limites, porém, é um elemento investigado, já que as regras são internalizadas na educação e nas práticas individuais. Porém, como os indivíduos tem agência, existem mudanças sociais as quais os próprios sistemas necessitam se adequar e o fazem com o tempo, adequando suas práticas, normas e valores.
“Interacionistas como Georg Simmel e Herbert Blummer, por exemplo, argumentam que “sistemas sociais” pouco mais são do que abstrações que não existem realmente, exceto através do que pessoas decidem fazer em suas interações recíprocas. [...] Dessa perspectiva, a ação humana é de suprema importância, e aquilo que os sociólogos designam como sistemas sociais constituem meros resultados da mesma. [...] Em sua teoria de estruturação, Anthony Guiddens chega ao ponto de argumentar que é um erro descrever sistemas sociais e ação individual como separados entre si porque nenhum dos dois existe salvo em relação recíproca.” (JOHNSON, 1997, p. 4).
Assim, percebe-se que o sistema social é um todo complexo que envolve indivíduos, grupos sociais e instituições sociais e se faz na interação desses elementos. Ele pode ser pequeno, estando dentro de uma sociedade, ou pode ser amplo como a própria sociedade. A ação individual e seu foco depende de cada método de interpretação, porém não se anula a ação dos indivíduos frente as normas de conduta, valores, sistemas identitários que são construídos pelos sistemas sociais. Porém, é necessário lembrar que os indivíduos sempre nascem em relação a estes mesmos sistemas, e atribuem significados baseados em sistemas sociais. Mesmo que estes significados possam mudar com o tempo e o avanço da sociedade, não é possível que o indivíduo simplesmente apague a sua interferência.
REFERENCIAS:
JOHNSON, Allain G. Dicionário de sociologia: Guia prático da linguagem sociológica. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1997.
THORPE, C. et al. O livro da Sociologia. São Paulo: GloboLivros, 2016.