A palavra “melodrama” é originária do francês “mélodrame”. Etimologimamente é formada pelos termos “melos” (grego), que significa som, e “drame” (latim antigo), que significa drama.
Com a revolução Inglesa do século XVII, em que a monarquia, severamente limitada, cedeu a maior parte de suas prerrogativas ao Parlamento e instaurou o regime parlamentarista que permanece até hoje, surge no cenário teatral uma estética denominada “drama Burguês”, que antecede o “Melodrama”.
Naquela época, a vaidade dos comerciantes enriquecidos com tal revolução, passou a imitarem os costumes da aristocracia, exigindo na cena teatral a representação de seus valores e não mais a exclusividade dos nobres. Nivelle de La Chaussée, inventa a “comédia lacrimejante”, falando sobre a infidelidade do marido. Mas é em “O Mercador de Londres” de Lillo (1732), em que a peça aborda assassinato, amor e vida cotidiana, começa a aparecer os primeiros tons do “Melodrama”. Foi neste mesmo período que Diderot lançou sua teoria sobre o Drama Burguês.
O melodrama é um gênero teatral que começou a se desenvolver no século XVIII, influenciando as artes dramáticas até os dias atuais. Sua especificidade é a utilização de música e ação dramática (diálogos falados), porém se diferenciando da ópera, por utilizar música incidental para expressar a carga emocional das personagens e as situações em que se encontram imersas. Já no século XIX, o melodrama se define como gênero teatral, por utilizar com autonomia a prosa, numa linguagem popular, recheada de mistério, sentimentalismo, suspense, e outras formas de sofrimento e alegria próprias do cidadão comum, o proletariado.
É característica do melodrama intensificar as virtudes e vícios das personagens, sejam elas vilãs ou heróis, enfatizando-lhe artificialmente determinadas características, pois o objetivo maior desta estética é impressionar e comover cada espectador, através da “verossimilhança” (semelhança com a realidade), reafirmando a qualidade moral e sentimentalista da obra.
O francês René-Charles Guilbert de Pixerécourt (1773-1844) foi um dos autores mais importantes de melodramas de sua época, escrevendo um número aproximado de cem peças. É considerado o criador do Melodrama, em 1800 com sua obra Coeline, onde utilizou diversas máquinas, cenas de combate e danças para construção de suas cenas, alternando elementos estéticos da tragédia e da comédia. Outros grandes representantes desta forma de teatro são: o inglês Thomas Holcroft (1745-1809), o alemão August Friederich Von Kotzebue (1761-1819) e, nos Estados Unidos Dion Boucicault (1822-1890).
O melodrama teve influência decisiva para o surgimento do Drama Romântico, e no final do século XIX o surgimento do Folhetim. O período do “Naturalismo” no teatro, veio negar a forma de interpretação Melodramática, por ser considerada exagerada e antinatural, possuidora de um efeito de apelo fácil e gratuito ao espectador.
Uma das vertentes do Melodrama foi o “Melodrama Gótico”, tendo este ‘subtítulo’ por ter como maior característica sua ambientação na Idade Média. Ele foi muito produzido na América e Europa do século XVIII. Nesta estética o autor apresentava como personagens, espíritos que retornavam de outra dimensão para exigir justiça, fantasmas, acontecimentos sobrenaturais, e ainda era de praxe, utilizar como recurso de verossimilhança, uma heroína necessitando ser salva por estar presa em castelo ou masmorra.
Atualmente com o que mais nos deparamos, em termos de interpretação, nas mídias de massa, é com a forma de interpretar proveniente do Melodrama. São novelas, mini-séries, seriados, tele-comédias, programas de auditórios, entre outros. Todos buscando uma linguagem do/para o povo, com pitadas de mistério, sentimentalismo, suspense, sofrimentos e alegrias do cidadão comum, buscando comover o telespectador e delineando certos padrões morais e estéticos.
Fontes
VASCONCELLOS, Luiz Paulo. Dicionário de Teatro. Porto Alegre: L&PM, 2001.