Por Helena Camargo Ferraz Fischer
O crescimento da sociedade e o desenvolvimento do mundo em diversas áreas vem sendo cada vez mais intenso, porém, ainda há diversos desafios a serem enfrentados para que as inúmeras demandas por melhor qualidade de vida sejam atendidas. Tais desafios envolvem necessidades da humanidade como educação, produção de alimento, acesso e qualidade de água, doenças novas, etc. Desse modo, é necessário que haja um crescimento sustentável, a fim de preservar as fontes de matérias e todo o meio ambiente para que não haja um esgotamento da Terra.
O conceito de desenvolvimento sustentável implica na capacidade dos produtores e industriais oferecerem produtos e serviços que satisfaçam as necessidades da população sem que haja prejuízo para as gerações futuras, ou seja, sem que suas ofertas se tornem inviáveis. Por exemplo, em relação à resíduos mássicos (água, solo, materiais, etc), a sustentabilidade se dá quando estes são reaproveitados de modo a torná-los úteis novamente de forma que, ao fim, a massa consumida seja igual à massa reposta.
Neste contexto, o desenvolvimento insustentável ocorre quando há abuso na exploração dos recursos naturais, de modo intensivo e exaustivo, sem respeito ao seu tempo de reposição e/ou sem reciclagem. Dessa forma, os recursos acabam se extinguindo de forma a inviabilizar a oferta de produtos deles derivados, reduzindo o crescimento econômico e gerando um cenário desfavorável para uma boa qualidade de vida.
A biotecnologia se encaixa nesse panorama já que tem como principal objetivo o desenvolvimento de atividades sustentáveis que utilizem racionalmente o potencial dos mecanismos biológicos para o desenvolvimento da espécie humana. Isso exige produtos e resultados de qualidades precisas e previsíveis, sem ações prejudiciais (tanto para o meio ambiente quanto para os seres humanos) e com custos de produção e impactos ambientais reduzidos.
A aplicação da biotecnologia em suas diferentes frentes pode, sem dúvida, contribuir para a eco-eficiência, vale dizer, para a união entre o fornecimento de bens e serviços sustentáveis a preços que satisfaçam as necessidades humanas, promovendo a redução dos impactos ambientais e de consumo de recursos naturais. Essa contribuição pode se dar tanto no setor primário - possibilitando o aumento da produtividade através do desenvolvimento de espécies vegetais e de raças de animais resistentes - quanto na indústria, otimizando e potencializando tecnologias por meio da introdução de processos biológicos que a tornem mais sustentável.
Além de contribuir com a preservação do ambiente, a biotecnologia age na manutenção deste, monitorando e avaliando sua qualidade e implementando sistemas e processos biológicos para a proteção e requalificação de ecossistemas.
No setor agrário, a biotecnologia propicia a melhora dos alimentos para o homem e para os animais, contribuindo, assim, para a prevenção de doenças e para a redução dos riscos para a saúde de modo geral. Além disso, essa ciência também promove o aumento da produção por metro quadrado ao desenvolver espécies mais resistentes à pragas. A base desse melhoramento é a engenharia genética, na qual a investigação do genoma vegetal constitui um elemento essencial. Tendo em vista que se trata de uma área que está sendo amplamente desenvolvida e que a população mundial está crescendo exponencialmente (o que exige um grande aumento na produção agrícola), pode-se prever que as culturas geneticamente modificadas aumentarão significativamente.
No setor industrial a biotecnologia, por meio de determinadas metodologias, contribui para a otimização do uso das matérias-primas e das energias renováveis, tornando todo o processo muito mais rentável (inclusive reduzindo a quantidade de recurso que outrora se fazia necessária e propiciando a diminuição do preço final do produto).
Ainda no setor industrial, a biotecnologia contribui possibilitando a transformação de materiais através de processos biológicos. Um exemplo disso é o que ocorre com a produção da biomassa, que pode ser transformada em biocombustíveis como o biodiesel e o bioetanol, através da microbiologia.
Do ponto de vista ambiental, a biotecnologia procura evitar que o meio ambiente (água, ar e solo) seja utilizado de forma indevida e inconsequente, a fim de que não se torne poluído, contaminado, desgastado, etc.
O foco das pesquisas, nesse campo ambiental, é o desenvolvimento de produtos e processos industriais menos poluentes, práticas agrícolas mais sustentáveis, recuperação dos materiais e reaproveitamento de resíduos. É o que ocorre, por exemplo, no caso do tratamento de resíduos e efluentes e da biorremediação de solos e meios hídricos contaminados.
A biotecnologia é uma ciência relativamente nova que veio suprir necessidades geradas, principalmente, pelo aumento exponencial da população. Esse aumento, por uma lado, gerou problemas ligados à alimentação, doenças, poluição, esgotamento de recursos etc, e, por outro, propiciou o desenvolvimento de novas tecnologias e novas descobertas.
Neste contexto, ela vem como ferramenta para que o mundo consiga continuar crescendo e se desenvolvendo de forma sustentável, garantindo recursos suficientes para o abastecimento de inúmeras outras gerações que ainda virão.
O que se espera é que, no futuro, novas descobertas, ainda mais eficazes, sejam feitas para a preservação do meio ambiente.
Bibliografia:
http://submission.quimicanova.sbq.org.br/qn/qnol/2013/vol36n10/17-NE13571.pdf
http://www.ci.esapl.pt/off/maiores23anos-2014/biotecnologia-ambiente.pdf
Por: Helena Camargo Ferraz Fischer
Gerente do Departamento de Projetos
Empresa Júnior Biotec Júnior - Gestão 2016
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/tecnologia/biotecnologia-e-suas-aplicacoes/